A dor de quem está preso em si mesmo

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A dor de quem está preso em si mesmo

Olá amigos!

A Ciência, especialmente a Farmacologia e a Medicina, nos propiciam hoje uma vida mais longa. Os centenários não são mais uma raridade e nossos pais  provavelmente viveram ou viverão  muito mais que nossos avós. No entanto, ter mais vida é bem diferente de ter qualidade de vida. Ainda não conseguimos resolver os problemas crônicos inerentes ao tempo de uso de nossos corpos, o que faz com que   a dor se torne companhia diária nessa extensão de jornada

Isso se torna mais grave em pacientes portadores de doenças mentais que provocam um aumento crescente de desconexão com a realidade. Muitos são os casos de pessoas que vão desparecendo lenta ou rapidamente sob os olhos perplexos de seus amigos e familiares, até que ali não se encontre mais que um corpo desprovido da essência do  ser humano que ali existiu um dia. Ao chegar nesse ponto inúmeros são os cuidados necessários. Desde os básicos como banho e uso de fraldas, até os mais complexos como controle de doenças de base e/ou processos agudos

Infelizmente, a saúde oral dessas pessoas fica colocada em segundo plano frente a tantos outros problemas de ordem geral. Entretanto, a manutenção de um ambiente bucal  livre de contaminação é imperativa pra que se possa manter uma pessoa saudável. Muitos são os casos de pneumonia cuja causa é a aspiração de bactérias presentes na flora bucal. Atualmente muitos hospitais mantem uma equipe odontológica em suas UTIs, com resultados muito significativos de decréscimo dessa patologia. Há ainda a forte ligação das patologias bucais com enfermidades gravíssimas do coração ou piora do quadro de vária doenças como o diabetes. Talvez o pior resultado desse confinamento em si mesmo seja o fato de a pessoa não conseguir relatar a dor e, embora não possa se queixar,  ela está lá e o sofrimento também.

Temos feito atendimento de pacientes nessa condição e posso garantir que, embora alguns pareçam estar  totalmente desconectados  reagem ao estímulo quando se toca em um dente ou em uma gengiva doente. O olhar de uma pessoa com dor é inconfundível e todo profissional de saúde dedicado e atento sabe quando ele é verdadeiro. Pacientes tratados, livres de cáries e inflamações mudam de atitude segundo seus cuidadores. Comem melhor, tem aspecto mais saudável e parecem estar mais em paz

Por todos esses motivos isso tem sido um foco de atenção de nosso trabalho. Não se pode negligenciar a Higiene de pessoas nessa condição e,  por vezes,  os profissionais que cuidam do doente não sabem  como fazê-la. O atendimento tem que ser precedido de exames e avaliação do Médico que acompanha o paciente, além de medicação prévia preventiva. Por vezes, trabalhamos com  sedação, o   que previne reações intempestivas  que possam provocar uma injúria ou uma agitação maior. Após o tratamento, é  necessário que um profissional Técnico em Saúde Bucal faça o treinamento da equipe que acompanha esse paciente pra que se mantenha o ambiente descontaminado que se estabeleceu

Então meus amigos, caso tenham  sob seus cuidados qualquer idoso que não tenha mais precisão nos seus pensamentos,  condição de se queixar de dores,  desconfortos  ou ainda uma  dificuldade motora que o impeça de higienizar corretamente os dentes, procure urgentemente o auxílio de um profissional que possa avaliar e resolver situações que possam ser fonte de doença e dor,  porque sofrer preso dentro de si mesmo é o pior dos sofrimentos.

Vamos libertar nossos queridos dessa angústia

Um abraço!

Dra Elizabeth Pedrozo

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